Com muito altruísmo e personalidade, o rapper que “saiu dos prédios” caminha para as passarelas inspirando moda masculina no São Paulo Fashion Week
Por Giovanna Pasquetto
Com quase três décadas de edições, o último SPFW foi recheado de criatividade e tendências, trazendo consigo inovações e novos métodos de estourar algumas bolhas sociais. E não haveria melhor forma de fazer isso do que trazendo o artista com o trap mais ouvido do ano, Thiago Veigh.
O artista estreia as passarelas usando um look de couro em tons cinza com luvas e entalhes de prata, um look ousado e chamativo que, como disse o professor Ascânio Wanderley – Prof em bacharelado de moda e estilismo na UFPI, museólogo e mestre de Design e Marketing – “uma roupa que traduz sentidos, traz o barulho e um sentido futurista”. Quando pensamos em uma época longínqua da moda, podemos nos lembrar de figuras masculina servindo looks, com cores e mangas bufantes, jóias e requintes porém com o passar do tempo, seja por uma razão ou outra, a imagem masculina recua e se apaga, finalizando na mesmice.
Porém, quando temos figuras masculinas se aventurando nesses espaços, descobrimos jovens bebendo de uma liberdade sem fim, se libertando de camadas de repreensão artística, se portando como um produto do meio tão criativo e livre quanto outrem, é através das roupas de impacto.
“[…] Tem que ter alguma expressão que, de fato, mexa as estruturas… É o caso do tipo de música que o Veigh canta, que é o rap e o trap, que falam com a situação atual e isso é mais que pertinente porque eu estou tratando de moda e a moda é um reflexo do que é o social e o social é um reflexo do que os artistas, esses artistas e os artistas jovens principalmente, de uma maneira geral traduzem o que está acontecendo no mundo para os seus. […]” comenta o professor.
E ninguém melhor que as marcas – As grandes marcas – para entenderem esse poder dos cantores e artistas para seu marketing e poder de prospecção, isso vem através de uma urgência e poder de atingir um novo público, pense com a gente: Se eu gostaria de atrair um público juvenil, por quê eu iria chamar aquilo que é tendência e reconhecido por um outro público? É perder tempo, não vamos conseguir atingir o esperado. Quando um artista que está nas paradas e desfila para um evento como o SPFW, ele retira aquele evento de um grupo seleto de pessoas e traz para nós, mundanos.
O especialista e mestre em comunicação e marketing, Wagner – Doutor e Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM, Especialista em Comunicação e Marketing Institucionais – comenta como essa tática é tão secular e prática: “Se você gosta de bandas de rock e tudo mais, muitas das vezes você vai usar roupas pretas e com estampas de bandas, trazendo um sentimento do quê? De identificação! Gerando uma aproximação com o estilo do cantor, olha pra ele e pensa “esse é meu estilo também” e consequentemente, passa a consumir mais e mais daquilo.”
Trazer o menino dos prédios que recebeu o prêmio de artista revelação de 2023, tem quase 10 mil ouvintes mensais e atualmente conta com 6 milhões de seguidores no instagram é uma tacada de ouro, o cantor que emplacou a billboard atrai uma multidão de jovens por onde anda. Outros nomes como Xamã, Vulgo FK, TZ da Coronel, Ryu, The runner e diversos outros nomes masculinos que estavam lá também atraem multidões de público, levando o “sonho” e o inalcançável para os mundanos.
O desfile da Artemisi vem com roupas de impacto, dramático e atual remetendo à religiosidade e ao futurístico ao mesmo tempo, um grande sonho expressivo e, por ironia ou não, conversando com aquilo que o Veigh faz desde muito antes de virar sucesso. O QG oficial do cantor, ministrado pela Marcela e pelo Italo, comenta sobre essa presença não tão recente do artista no mundo da influência da moda masculina: “A gente sabe que desde o começo da carreira ele sempre teve um pé ali na moda, ornando as roupas com o estilo musical e sabíamos que era apenas questão de tempo até ele entrar de cabeça nisso. É muito ‘dahora’, ele sempre demonstrou esse carinho […]” afirma a dupla de administradores.
Os fãs masculinos desses cantores veem neles, uma porta aberta de possibilidades e uma quebra de pré-conceitos onde “Agora tem um cara fazendo isso, um cara que fala como eu e viveu/canta aquilo que eu vivo e ele se veste bem… Eu posso fazer isso também”
O cantor que atuou como modelo brinca na moda desde o início, trazendo moda e levando marcas para o topo junto consigo, como por exemplo, a Survival, uma marca que ele usa mesmo antes da fama. Trazendo referências e inspirações para outros rapazes e pessoas mais novas que olham para ele e pensam “isso é legal”
Trazer nomes como o Veigh é trazer o mundo para as passarelas, conversando e respirando moda e ousadia em um público mais novo.