Tom Martins busca a fusão entre o Cyberpunk e o movimento Hippie em nova coleção maximalista
Quem olha para o desfile da Martins sempre vê um cross de culturas. Desde o seu início, Tom Martins, o grande nome por trás da marca, tem a tendência de misturar o que já estava misturado e, não satisfeito, misturar mais ainda.
No desfile de Primavera-Verão da edição N57, a inspiração do estilista foi o movimento punk em encontro com a estética naval. Lá, havia muito preto, branco e cores vibrantes, mas, no máximo, vermelho ou laranja em listrados. Eram aparições pontuais. Uma mudança significativa que vemos na edição N58 do SPFW é a chegada de cores na coleção Outono-Inverno da Martins.
Buscando inspiração em Matrix (1999) e no movimento hippie dos anos 60s, o estilista trouxe muita (mas muita) beleza para a passarela. As silhuetas lânguidas, distante de linhas, são alusão à leveza dos movimentos hippie dos anos 60 e 70. Os tecidos também são referências explícitas, mas reinventadas. O poncho, peça nascida na região dos Andes na América Latina há milhares de anos, foi estruturado com o tecido push, tornando a vestimenta ainda mais moderna e urbana.
O trabalho de costura e bordado à mão deve ser glorificado. Recortes foram os protagonistas do show – em babados e na construção de volume em looks, a estética se torna praticamente patchworks costurados manualmente. Os moletons, alguns já estampados com itens que remetem a Matrix e se unem com a visão menos densa das flores, ilustram bem o acerto de Tom Martins ao tentar juntar dois mundos completamente diferentes.
A trilha sonora adequou-se perfeitamente com a atmosfera do desfile – além de ter trechos exatos do filme, como o Agente Smith chamando Neo e algumas frases clássicas do filme, você tinha uma batida dividida entre momentos pesados, necessários para ritmar o passo das modelos, e momentos mais soft, por conta da referência hippie.
O tule, outro destaque da coleção, foi uma parceria valiosa com a Lunelli Têxtil, marca conhecida pela criação de tecidos singulares. O Cacau, estilista da Martins, transforma os looks numa fusão corajosa da estética cyberpunk do Matrix, com a leveza e fluidez do movimento hippie, e torna os modelos muito utilizáveis para o dia a dia. Os jeans e maxi cintos também são opções pautáveis para os adeptos ao upcycling.
Tom Martins traz a inovação para a SPFW sem medo de errar. É um vanguardista na moda por mostrar que é possível sim misturar coisas “imisturáveis”, além de levar o nosso olhar para novas possibilidades antes inimagináveis. Quem imaginou que seria possível unir o mundo futurístico de Matrix ao vintage passado Hippie? E deu certo.