Laura Rivoiro é uma daquelas artistas que transcendem a tela, levando sua arte para cada aspecto da vida. Paulista de nascença, mas com o coração carioca, Laura encontrou no Rio de Janeiro a liberdade para explorar e expressar o que há de mais autêntico em sua identidade. Suas curvas — tanto as do corpo quanto as que desenha em suas obras — tornaram-se símbolos dessa transformação. “Fui estimulada com uma rotina completamente diferente da que o meu DNA de garota do interior de SP estava habituado. O que mais me chacoalhou foi o do corpo”, explica a artista plástica.
O Início de Uma Carreira Artística
Como muitos artistas, Laura começou sua jornada de maneira inesperada, durante a pandemia. “Era tudo fechado, mas eu precisava comprar um presente para o meu então namorado. Escolhi fazer eu mesma o presente”, conta ela. Assim nasceu sua primeira obra: um mamão pintado, inspirado na fruta que o namorado comia religiosamente todas as manhãs. “Quando toquei na tela, senti o cheiro da tinta e segurei o pincel… foi diferente, eu amei aquilo.” A partir daí, não parou mais. Sua terceira tela já foi uma encomenda e, aos poucos, sua carreira artística começou a ganhar forma.
A Arte como Essência de Vida
Para Laura, a arte não tem hora, nem lugar. Antes de se dedicar integralmente à pintura, ela trabalhava como redatora em uma agência de publicidade, mas logo percebeu que sua paixão pela arte falava mais alto. “Quando você é artista, não existe horário comercial. Para mim, a arte é tudo. Tudo que vejo, toco, sinto e como nas 24 horas do meu dia. É com ela que me sinto viva”, reflete.
Sua abordagem artística é profundamente influenciada pela vivência no Rio de Janeiro, onde começou a ver seu corpo — e o dos outros — de maneira mais livre e sem as amarras impostas pela sociedade. “No Rio, as pessoas nascem e vivem peladas, em todos os sentidos que ‘pelado’ pode ser. De onde eu vim, nascemos pelados e imediatamente somos cobertos”, conta ela. Essa nova visão inspirou Laura a soltar seu traço, tornando-o mais orgânico e fluido, refletindo as curvas naturais dos corpos que tantas vezes tentamos transformar em linhas retas.
O Desafio de Viver de Arte
Viver de arte no Brasil, como Laura ressalta, não é fácil. O maior desafio, segundo ela, é “furar a bolha”. “Acho que falta uma tomada de consciência de que a arte, em todas as suas formas, é uma necessidade”, desabafa. Para ela, a arte é companhia, é transformação, e seu impacto vai muito além do que percebemos no cotidiano. “Falta reconhecimento e valorização do impacto que a arte tem em nossas vidas. É preciso expandir os horizontes e educar a população, levar a cultura para além da zona do dinheiro”, completa.
O Estilo Singular de Laura
O estilo de Laura é inconfundível. Suas colaborações, como a recente com a C&A, ganharam destaque com peças cheias de curvas que, segundo ela, “parecem o vento”. Cada traço carrega uma assinatura própria, que vai além da tela e se estende até a tipografia que ela usa. “Fiz questão de subliminar o traço mais solto e orgânico na tipografia, para estar presente em qualquer fala minha. Já o coração distorcido é um resumo de tudo, um lembrete para a gente sobre amar as ‘coisas’ como elas são”, afirma Laura.
Sua arte é uma celebração das formas, dos corpos e da autenticidade. É um convite para enxergarmos beleza naquilo que, muitas vezes, a sociedade nos ensina a esconder ou modificar. E, assim como suas curvas fluem na tela, Laura Rivoiro continua a inspirar com seu olhar único e suas reflexões sobre arte, corpo e vida.