Ao se apoiar na tecnologia, a grife também valoriza a arte que faz das mãos o seu motor
Em seu segundo desfile no São Paulo Fashion Week, a Artemisi não abre mão do futurismo, característico da grife, e usa referências à ação de ‘se mover’ como engrenagem que faz tudo funcionar. As peças que conversam com o tridimensional e hiper-realismo têm inspiração na arte cinética da década de 50, corrente que explora os efeitos visuais através do movimento.
Aliás, movimento é a palavra que resume “Into The High”, nova coleção de Mayari Jubini, diretora criativa da Artemisi. O rompimento com o estático ocorre através de correntes, franjas e capas lânguidas que se encaixam com o cinetismo dos modelos. Os tons sóbrios, em sua maioria, caminham de acordo com a proposta futurista da coleção – o prateado e metalizado, presentes na maioria dos 26 looks, são o destaque da produção pós-moderna.
A marca, que já vestiu personalidades como Katy Perry, Demi Lovato e Julie Fox, usa a tecnologia como pilar do lançamento. Paradoxalmente, um dos pontos em maior evidência se tornou a produção artesanal da equipe nas peças: Pinturas hiper-realistas que representam vidros quebrados e roupas molhadas reforçam o esforço da criação em equilibrar o uso do aparato tecnológico com as raízes da marca, uma produção artesanal.
A utilização da impressão 3D em resina para a produção de corsets e a inserção manual de mais de 70 mil cristais nas peças são perfeitos exemplos desse equilíbrio. As pedrarias e correntes não são exclusivas das roupas, mas surpreendem na composição dos penteados e na própria pele. A sensação é de que a modelo e a peça se fundem em um só. O gradiente formado pelos cristais em contato com as unhas e pele dramatiza o caminhar, em combinação com a trilha sonora e a apresentação dos próprios looks.
Artemisi se assemelha à alta costura de Iris Van Harpen no uso da tecnologia na produção, além de parecer respirar ares de Balmain e Saint Laurent, especialmente na alfaiataria precisa e elegante. O primor da marca, no entanto, vai muito além desse aspecto – Mayari elucida a movimentação na moda brasileira, o que estamos produzindo e o que está por vir.