A alta rotatividade de profissionais nas agências de PR (Relações Públicas) e assessoria de imprensa tem se tornado uma pauta cada vez mais urgente dentro do mercado. Para muitos, o ciclo de profissionais entrando e saindo dessas agências parece ser interminável. Mas por que isso acontece? Na estreia do canal Assessores Anônimos, L.O., um veterano da área, compartilha sua visão sobre esse problema.
Salários Baixos e Profissionais Inexperientes
Um dos principais fatores apontados por L.O. é o baixo salário, que não atrai profissionais experientes. “Os salários baixos não atraem os profissionais mais qualificados, então precisamos nos adaptar aos ‘júnior’. Ou seja, além de coordenar todas as contas, preciso virar babá,” desabafa.
Esse ciclo de contratar profissionais recém-saídos da faculdade cria uma pressão enorme sobre quem já está há mais tempo na empresa. Além de gerir várias contas ao mesmo tempo, esses profissionais precisam treinar e supervisionar os novos colegas, sem espaço para erros. O resultado? Um ambiente de trabalho estressante e, muitas vezes, desorganizado.
A Pressão por Atendimentos Exclusivos
Outro ponto importante levantado por L.O. é a pressão dos clientes. Muitas vezes, os clientes não entendem que pagar por um atendimento exclusivo significa receber mais atenção e, consequentemente, melhores resultados. “Os clientes acham que podem dividir a equipe para pagar menos. Mas, quando fazemos isso, o resultado sai mediano. Mesmo quem sabe fazer o trabalho não consegue dar toda a atenção que a conta merece,” explica.
Essa tentativa de reduzir custos à custa de mais trabalho e menos qualidade resulta, inevitavelmente, em exaustão e desgaste para os profissionais de PR e assessoria. Para L.O., a equação de “baratear + trazer gente inexperiente” está condenada ao fracasso.
Como Mudar? A Grande Questão
Mudar essa realidade não é uma tarefa simples. “Eu não tenho uma resposta definitiva, mas sei que precisamos começar a contratar direito ou estar dispostos a ensinar quem está começando,” afirma L.O., refletindo sobre a importância de equilibrar experiência com treinamento. Para ele, essa é uma questão que precisa ser discutida abertamente dentro das agências.
A Interface é a Chave
Outro ponto crucial é a interface entre cliente e agência. “A interface é a chave para um bom trabalho de PR e assessoria. Os dois lados precisam se entender. Não dá para ficar nessa de ‘minha área é melhor que a sua’. Precisamos crescer juntos,” afirma L.O.
Muitas vezes, a falta de alinhamento entre cliente e agência pode prejudicar a qualidade do trabalho. É fundamental que as expectativas e demandas de ambos os lados estejam claras desde o início da parceria.
E Agora, Como Seguir?
No depoimento de L.O., há uma reflexão profunda sobre a exaustão emocional e os desafios de gerir equipes formadas por profissionais inexperientes. “Esses dias, precisei trocar dois profissionais entre as marcas, e deu muito ruim. Uma sabia tudo sobre a conta que atendia, mas não tinha tempo para se aprofundar em outro cliente. O resultado? Nenhum dos clientes está satisfeito e eu estou só apagando fogo,” relata. Esse cenário de apagamento de incêndios diários não é saudável e reflete uma falta de planejamento estratégico por parte das chefias.
O Debate Está Aberto
O canal Assessores Anônimos abre espaço para discutir essas questões que afetam diretamente a qualidade de vida e a saúde mental dos profissionais de PR e assessoria. E você, o que pensa sobre isso? Como é possível reverter esse cenário de alta rotatividade e sobrecarga de trabalho? O debate está aberto, e a participação de quem vive essa realidade é fundamental.