Conheça ‘salvo’ e ‘Leia Mulheres’

Na última terça-feira, 29, foi comemorado o Dia Nacional do Livro

Por Mônica Araújo

Créditos: Pexels Reprodução

De Reese Witherspoon à Dua Lipa, os clubes de leituras têm conquistado cada vez mais adeptos. No TikTok é comum aparecer conteúdos orgânicos de encontros em cafeterias ou parques para leituras coletivas. A hashtag #BookClub conta com mais de 2 milhões de publicações nesta plataforma.

O aumento no interesse pode ser um sinal verde para o desafiador mercado editorial, principalmente com a presença de figuras públicas que acabam influenciando no ranking dos best-sellers, e contribuindo em releituras para os streamings – como no caso do livro Daisy Jones&The Six, da escritora Taylor Jenks Reid, adaptado para a Amazon Prime; e Véspera, de Carla Madeira, com adaptação prevista para Max Brasil.

Créditos: PrimeVideo

A exemplo, no Brasil, outra figura conhecida que entrou na empreitada literária foi Felipe Neto. O empresário e influenciador digital escolheu o livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, para estrear o seu clube do livro, em julho deste ano. O título que ironicamente conta a história distópica de uma sociedade sem livros entrou para o ranking de mais vendidos da Amazon, e a sua procura na plataforma subiu 72.500%.

Para entender a dinâmica e o aumento dos encontros literários, a GouMag Brasil conversou com o Leia Mulheres e salvoconteúdo, iniciativas que promovem clubes online e presencial. Confira o papo a seguir!

Necessidades diferentes e objetivos em comum

Além de hobby, a leitura contribui para refletir a sociedade contemporânea e cobrar mudanças importantes. Foi a partir dessa necessidade que nasceu o clube Leia Mulheres: “Surgiu de uma hashtag criada pela escritora e ilustradora Joanna Walsh, a #readwomen2014, que pretendia incentivar a leitura de mais autoras”, explica Juliana Leuenroth, mediadora e fundadora do clube junto à Juliana Gomes e Michelle Henriques. “Nas suas postagens, Walsh comentava como mulheres são menos publicadas, menos lidas, menos reconhecidas e premiadas”.

Com o impacto das publicações a sua amiga Juliana Gomes, que prestava consultoria para uma livraria em São Paulo, propôs um encontro literário neste mesmo local com foco na campanha da Walsh. “Em 2015 fizemos o primeiro clube do Leia Mulheres, e nos meses seguintes outros clubes nasceram em outras partes do Brasil”, celebra Leuenroth.

Já o clube da salvo nasceu em agosto de 2020, de outro projeto que leva o mesmo nome: uma plataforma de descobertas que reúne dicas de livros, filmes, séries, receitas e outros, compartilhados nas redes sociais e newsletter. Nastacha Ávila, co-fundadora do projeto, conta que foi um caminho natural a criação do clube de leitura, umas vez que suas amigas e elas também frequentavam encontros semelhantes. “Até pelo momento da pandemia, resolvemos fazer o nosso próprio clube de leitura online. Começamos com a participação de alguns amigos e hoje é um dos principais produtos da salvo conteúdo”, revela Nastacha, que divide o projeto com Caroline Holder.

Foto: @_leiamulheres no instagram

Os encontros presenciais e online, de ambos os clubes, tem em sua maioria presença de mulheres, com idades entre 25 e 60 anos, interessadas em cultura no geral. Quando o assunto são livros “Percebi nos últimos tempos que há interesse maior pelas autoras latinas e também pela literatura sul-coreana”, observa Leuenroth.

As idealizadoras de Leia Mulheres e salvo conteúdo presenciaram o aumento nos clubes de leitura principalmente durante a pandemia, com a necessidade de criar outras formas de socialização. “Isso se acentuou durante a pandemia, muitos desses novos clubes vieram de perfis nas redes sociais como uma forma de estar mais próximo dos seguidores, é uma abertura de diálogo muito boa”, fala Leuenroth. “Isso trouxe uma pulverização! O público da salvo é de recorrência e novas pessoas vêm por indicação”, completa Ávila.

Os encontros dos clubes de leitura acontecem mensalmente para que todos tenham tempo de qualidade com os títulos, considerando a rotina variada de cada participante. Para a seleção dos livros dos próximos encontros, o time de mediadores da salvo se reúne semestralmente, apresenta os livros que desejam ler, discutem o que pode ser interessante, a quantidade de páginas para ler em um mês e fecham a agenda dos próximos seis meses. No Leia Mulheres, em São Paulo, levam em consideração as variações de etnias, editoras e lugares de origem das autoras, pedem sugestões aos participantes do clube e fazem as escolhas.

A ideia dos clubes de livros é compartilhar as impressões das leituras, levantar discussões e promover outras trocas de forma descontraída, sobrando espaço até para momentos marcantes. “Um dos clubes mais emblemáticos foi com a Aline Bei, quando discutimos o peso do pássaro morto”, diz Leuenroth. “Foi muito emocionante, lotou o espaço e foi uma conversa muito interessante. Ávila, da salvo, celebra o sucesso de duas edições que também contaram com a presença de autoras: “O encontro com Andrea Del Fuego foi o nosso recorde de participação, 70 pessoas. Outro encontro desafiador foi com Diamela [Eltit], por conta da tradução para o espanhol”, conclui.

Foto: @salvoconteudo no instagram

O próximo clube de leitura remoto da salvo é o livro Sr. Loverman, de Bernadine Evaristo, editado pela Companhia das Letras. O encontro acontece em 30 de outubro, no Zoom, a partir das 20h.

Os clubes do Leia Mulheres serão dia 6 de novembro, às 19h30, online, em parceria com a Companhia das Letras, a discussão sobre o livro “A Bruxa”, de Brenda Lozano; e 16 de novembro, livro “A Trança”, da Laetita Colombani, no Pivô Arte e Pesquisa, às 16h, na Av. Ipiranga, 200 – República.

Para mais informações acompanhem Leia Mulheres e salvo conteúdo nas redes sociais

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