Mu540 oferece uma verdadeira experiência eletro-brasileira em “4×4”

Mandando para geral o mais puro caldo do milho verde, o produtor da razão ao renome e sucesso dos últimos anos

Capa de “4×4”, por Mu540. (Imagem: Reprodução/Mu540 via Facebook)

Referência pura quando o assunto é música eletrônica no Brasil, Mu540 apresenta seu terceiro projeto solo disponibilizado nas plataformas de streaming. Vindo de um 2023 espetacular, com o lançamento de seu último EP, “No Susto”, no início do ano, e principalmente pelo impacto que foi “UM Quebrada Inteligente!”, álbum em conjunto com seu frequente colaborador Kyan, sendo um estrondoso sucesso entre o público. Em especial destaque para a faixa “Fantástico Mundo da Oakley”, que além de viralizar monstruosamente, com mais de 16 milhões de reproduções, também demonstrou de antemão as ideias que o produtor viria a apresentar em seu próximo projeto, o “4×4”, seu mais recente lançamento.

O novo álbum chegou dia 27 de novembro, após o lançamento do single, e também intro, “DZ7”, que antecipou a chegada do projeto e o seu conceito. Mu540 oferece uma experiência puramente brasileira da música eletrônica, afinal, um de seus objetivos era exatamente este:

“Nas produções, pensei em uma forma de ‘esconder’ o funk. Você vai ouvir uma música de house e você vai sentir o funk, vai ter a linguagem do funk, mas não tem nenhum elemento do gênero. Esse é meu experimento, misturar homogeneamente os dois gêneros musicais”

E bem, ele consegue isso em “4×4”? Por completo, e é interessante observar as formas que ele desenvolve isso. Além do óbvio, que é o funk brasileiro ser um gênero dentro da música eletrônica e desta forma não estar distante, nem com um nível muito complexo de incorporação junto ao house. Mu540 entende a importância também do papel do MC em colocar a marca da Música Eletrônica Periférica Brasileira em uma produção. A nossa forma de escrever e rimar é também crucial para a composição de um funk, não só a batida que está ali inserida.

A composição de Mu540 neste álbum, que normalmente é caracterizada pela presença de samples, toma um rumo mais esquelético dos gêneros apresentados pelo mesmo. A ideia conflui com o seu título, o 4×4 evoca o senso da fundação de uma construção, a necessidade pelo equilíbrio.

Visualizer do single “DZ7”, também intro de “4×4”. (Créditos: Reprodução/Mu540 via YouTube)

Adentrando o álbum, “DZ7” conta com a colaboração de Garimpos. A trilha tem elementos do afro house, que aliados a MC, ditam o ritmo do projeto. Em sequência, vem “6:40AM”, com participação de MC Laranjinha e Cave, incorporando um tom sombrio e toques mais evidentes do funk, em especial traços do funk de BH, dos quais Mu540 já havia explorado em outras faixas, como “tipo sonho de consumo!”, de seu projeto com Kyan, do ano passado.

Clipe de “6:40AM”, dirigido por Boy Princess e com produção de Iconoclast. (Créditos: Reprodução/Mu540 via YouTube)

“XRC no Chão” inicia uma trilogia de colaborações com MC GW, frequente colaborador do produtor. Trazendo elementos do drum & bass britânico, adicionando aos gêneros eletrônicos ofertados por Mu540 em “4×4”, que além de demonstrar domínio na produção, evidencia seu talento também. A faixa transita com perfeição para “Vou Te Comer Doidão”, e depois “Rebola no Pau”, de forma tão imperceptível que mais soa como se inicialmente tivesse sido uma composição maior que foi segmentada. Apesar de aparentar repetitividade, acaba acontecendo o contrário, ao deixar cada faixa se desenvolver por completo sem se apressar para impactar, acaba construindo um envolvimento muito maior ao ouvinte.

Na sequência, “Pompoarismo” muda o ritmo e tom do álbum. A participação de Bia Soull é uma grata adição. O tom aveludado da MC contempla primorosamente sua cadência e lírica erótica. A produção de Mu540 completa a faixa com elementos do funk carioca, que diferenciam e dão uma quebra importante no ritmo do álbum.

Por fim, temos “Ta No Meu Nome”, trilha que promove um retorno ao house, trazendo também elementos do UK garage em sua composição, que aliados a participação de Mih, finalizam em grande estilo o trabalho. A faixa é também a única que apresenta um erro aparente de produção, quando na marca de 2:00 minutos, acaba o instrumental e impera um completo silêncio na música, criando uma confusão ao ouvinte. “Pausei sem querer? Meu aplicativo travou?” No momento em que você descobre o que realmente aconteceu acabam ficando ainda mais perguntas, por que isso teria ficado na versão final do projeto? Ao menos acontece apenas ao final da última faixa, não quebrando o ritmo do álbum.

Considerações Finais: Execução magnífica de tudo o que é almejado por Mu540 com este projeto. Expandindo as noções sobre o que pode ser considerado como Música Eletrônica Periférica Brasileira. São 30 sensacionais minutos de se experienciar e repetir N vezes no fone. 

Único detalhe que talvez para alguns seja um ponto forte, a quantidade de faixas. Desde “Música Popular Favelada, Vol. 1”, de 2018, não temos um projeto com mais de 7 músicas de Mu540. Contando sua trajetória longeva na carreira, fica o questionamento, por que apenas 7? Além da simples vontade de querer mais, é também o interesse em observar o que seria explorado pelo artista em um álbum mais robusto. Faixas favoritas: 6:40AM; XRC NO CHÃO; Pompoarismo; Ta No Meu Nome. Nota: 8/10

Ouça “4×4”, por Mu540:

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